FUNDAMENTOS DA EDUCAÇÃO
ELVIRA SOUZA LIMA
curso à distância, CEPAOS
DISCUSSÃO 1
"Criança francesa não faz manha" é o título de um livro de sucesso, escrito por uma norteamericana. Neste livro a autora discorre sobre aquilo que muita gente comenta: a criança francesa é,digamos assim, educada. Recentemente viajando em Portugal tive a oportunidade de ver casais jovens franceses com seus filhos de 3,4, 5 anos completamente entretidos em explorar o espaço e brincar, sem eletrônicos, fazendo muito faz de conta. Entretidos com o imaginário como o menino com o balão vermelho. Morei alguns anos na França, trabalhei em pesquisa em creche e jardim de infância e muito raramente mesmo vi criança fazendo birra. Será que os comportamentos culturais que os adultos formam nas crianças francesas tem a ver com o fato de que o índice de hiperatividade e déficit de atenção na França é extremamente baixo, menos que 1%? Segundo algumas fontes não chegam nem a 0,5% as crianças francesas medicadas. Por que será que o nosso, no Brasil, aumentou tanto nos últimos anos, chegando perto dos 10%?
Elvira Souza Lima
POLLARIS
Patricia Pereira de Souza Acredito que os pais e a escola possuem sua parcela de culpa. Tenho recebido muitas crianças no consultório que já chegam com um diagnóstico de TDAH e geralmente constatamos que não são. Crianças frágeis emocionalmente, que os pais dão tudo o que querem, passam o dia na frente da TV, vídeo-game e afins. E na escola, devido ao currículo rígido não podem ser elas mesmas e desenvolver seu poder imaginativo e criativo. É muito mais fácil para a sociedade colocar a culpa do comportamento inadequado da criança, num laudo. A criança passa a ser o problema, enquanto a família e a escola ficam insentos da responsabilidade.
Elvira Souza Lima A Maria Aparecida Moisés, médica pediatra da Unicamp, grande estudiosa desta questão, daria razão a você. Há sim muitos erros de diagnóstico! Sua informação é importante.
Thais Santos de Castro Como professora de Educação Infantil, convivo com crianças provenientes de diferentes culturas e meios familiares há mais de doze anos. E, estudando e praticando na área, aprendemos a lidar com a "birra" dos nossos pequenos. Estudamos a moralidade infantil e buscamos pautar nossas intervenções da forma mais fundamentada possível. Agora, falo como mãe... Ahhh, como mãe tudo é tão diferente. Sempre tentei colocar em casa a prática que tenho na escola mas, confesso, que nem sempre isso dá resultados. Minha Martina acabou de completar dois aninhos. Criança muito ativa e que requer nossa atenção o tempo todo. Ela ainda não frequenta a escola. Com ela, vivo muitos momentos de birra e testes de limite, mesmo dedicando todo o meu tempo disponível à ela. Quando estamos juntas, brincamos no jogo simbólico, aproveitamos a área externa e recorro pouco ou nada aos dispositivos eletrônicos. Mesmo assim, há birra. Penso que, esses números exorbitantes de crianças disgnosticadas e medicadas para hiperatividade seja uma precipitação por parte dos pais e, consequentemente, baseados nos relatos dos pais, dos médicos. Crianças são ativas, crianças testam limites, crianças fazem birra. Penso que isso melhore com o crescimento e, claro, com a influência do meio e da educação que a criança vive e recebe. Acredito, como professora e mãe, que a maior dedicação dos pais, o maior disponibilidade em brincar e ensinar seus filhos, envolver-se profundamente nesse mundo simbólico da fantasia, traz grandes benefícios e, consequentemente, crianças mais "tranquilas"dentro da normalidade de sua idade. Os pais e professores precisam se informar, serem pacientes e não se precipitarem em correr para avaliações de especialista e medicações que vão inibir a espontaneidade e alegria da criança pequena!
Mara Helena Epprecht Ribeiro Tenho percebido essa questão bem forte nas escolas que acompanho: a super atividade da criança e a necessidade dos adultos em contê-las!!! Concordo com a Thais em relação à criatividade e imaginação da criança, pois os brinquedos prontos, a TV e jogoseletrônicos não dão conta de trabalhar com o interesse da criança em explorar o mundo!!! E de fato o mundo está super lotado de estímulos que deixa qualquer pessoa "ligada" o tempo todo... então... o que fazer? Temos muito a pensar!!!
BELLATRIX
Livia Dias Já li artigos, mas não o livro. Ao terminar de ler a sua proposta de hoje faço a seguinte reflexão: comportamentos culturais são construídos e podem sofrer influencias? E o que estamos fazendo com as nossas crianças aqui no Brasil.
Elvira Souza Lima Comportamentos culturais são culturais, portanto, resultantes do contexto em que a criança vive. Não são genéticos. E sua pergunta vale reflexão: estamos fazendo o que com as novas gerações??
Livia Dias Talvez não oferecemos oportunidades por acreditar que eles não irão gostar, como por exemplo estilos musicais diferentes ...
Elvira Souza Lima Se criarmos memórias nas crianças pequenas de vários tipos de música desde o primeiro ano de vida, elas terão outro comportamento em relação à música e à diversidade musical.
Livia Dias No final do ano fui ao show do MPB4 (entrada gratuita no SESI) teatro lotado de adultos, alguns jovens e apenas 2 crianças que ouvem Chico Buarque desde que nasceram e se comportaram muito bem do começo ao fim, nada de birra e pediram bis... Esses tem memórias rsrsrs... Também é necessário repensarmos o contexto das escolas brasileiras, que ainda oferecem o tradicional sem liberdade de criação, de vivências e trocas de saberes, engessando o aprendizado, criando assim situações de conflito e indisciplina... REFLETINDO MUITO!
Dany Douglas Moraes Acho que também vale relembrar que o comodismo impera nas ações do ser humano, sendo muito mais prático oferecer aquilo que está na moda e que faz a criança ficar quieta do que oferecer-lhe algo bom e de qualidade!
Beatriz Farah Acredito que as crianças francesas recebem mais limites do que aqui é culturalmente participam de atividades que os fazem conversar e trocar experiências com seus pares. As crianças brasileiras estão cada vez mais solitárias e o ter está acima do ser. A interação com o outro está cada vez mais longe.
Laura Neumann Concordando com todas as reflexões acima, gostaria de refletir ainda sobre a influência da quimio dependência que assola nosso país nos últimos anos. Trabalhando em escolas públicas de Juiz de Fora - MG há mais de vinte anos, como professora regente e de informática (desde 2010) e coordenadora pedagógica da Educação Infantil ao 4º Ano do Ensino Fundamental, posso afirmar com comprovação de números que nos últimos cinco anos, a incidência de crianças de 5 a 7 anos que foram encaminhadas aos psiquiatras para tratamento da hiperatividade e dos TGDs saíram dos limites da compreensão humana. Hoje, qualquer probleminha de aprendizagem que se apresenta, os pais procuram nossos professores e... fatalmente são induzidos a acreditar que seus filhos são indisciplinados e "doentes", mas nada que uma boa "Ritalina" não dê jeito!!! É moda!!! Porém, não pensam que os efeitos das drogas na gestação podem ainda estar ministrando seus estragos no organismo e, principalmente, no cérebro daquelas crianças. Fico indignada com os profissionais da Educação e da Saúde que assumem esta postura comodista antes de se fazer um diagnóstico pedagógico da criança, oferecer a ela uma série de recursos pedagógicos facilitadores de aprendizagem, que talvez as afastariam desta outra droga popular e lícita, atendendo ao apelo de medicação.
Laura Neumann Escola para quem aprende e é bonzinho é coisa do passado! Nosso real desafio e responsabilidade são com aqueles que também desafiam nossos "métodos, didáticas, técnicas..." Conhecer o cérebro, suas sinapses, os campos de desenvolvimento de cada habilidade humana e os recursos e estratégias que possibilitem o desenvolvimento de cada uma delas, respeitar o tempo e as características pessoais de cada criança, sem desconsiderar sua estrutura familiar e cultural, estimulando o que há de melhor em cada uma delas, oferecendo oportunidades de soltarem sua criatividade e imaginação, é utopia pedagógica, mas acredito ser o único caminho a trilhar. Não sei como acontece nas escolas de vocês, mas aqui em JF, algumas escolas de Ed. Infantil já despertaram para este aspecto do desenvolvimento infantil, mas esbarramos na Formação dos Professores que nela atuam.
Laura Neumann Voltando às birras... rsrsrsrs... Posso refletir enquanto mãe de 3 filhos: apesar de ter um "combinado" com meu marido há 23 anos, nunca conseguimos manter uma regularidade nas reações dos três. Juliana tem hoje 21 anos e está casada há 5 meses e reside em Rio das Ostras - RJ. Beatriz, ah!!! Minha Beatriz tem 13 anos e o Philippe, 9. Pela enumeração dos filhos já perceberam que meu maior desafio é a Beatriz... Enganei vocês!!! rsrsrs... No aspecto birra, Juliana superava TODOS os limites da nossa paciência; era daquelas crianças que passava frente às Lojas Americanas e deitava no chão de rolar e se sujar toda por causa de uma "bola de couro"; as pessoas passavam e voltavam para intervir a favor dela, mas... não sabíamos se era por pena dela ou para ficarem livres daquela cena patética, com os pais assistindo a tudo calmamente, até passar aquela crise... Nada de bola, é claro! Quando se acalmava, sentávamos ao seu lado e refletíamos com ela sobre seu comportamento... isso desde os dois anos!!! Quando entrou para uma escola particular aos quatro, na qual também lecionava para a 4ª série, na época, foi diagnosticada com problemas comportamentais por um neuro local... Tratamento: Ritalina, Gadernal e um Sonim para melhorar a qualidade de seu sono... Apelamos para a Homeopatia, Capoeira, Natação e Psicoterapia Lúdica. Não nos arrependemos e os resultados são inquestionáveis. É capoeirista até hoje e toca um berimbau como ninguém!!!
Livia Dias Aproveitando o feriado, resolvi pesquisar mais sobre o tema, e logo me deparei com a seguinte questão: para lidar com crianças é necessário cada vez mais saber sobre DESENVOLVIMENTO INFANTIL para entender o que realmente uma criança é, seus desejos, necessidades... talvez esteja ai a diferença, os educadores franceses já sabem e então espera-se da criança aquilo que é possível no tempo certo mesmo que seja criança. Não misturam as coisas, não antecipam fases, entendem que a frustração é importante nesse processo e que é mais importante ensinar às crianças em idade pré-escolar habilidades como concentração, relacionamento interpessoal e autocontrole do que alfabetizar ...
Elvira Souza Lima Lívia, uma coisa que me surpreendeu logo no início quando entrei em uma escola de educação infantil em Paris, parte do meu trabalho no CRESAS, foi o fato de não interferir no fazer da criança deixando o tempo à vontade para que a criança tente uma, duas, muitas vezes. Em coisas tão corriqueiras como abotoar o casaco. Vi isto igualmente em tribos indígenas no Brasil. Temos mais a aprender com nossos índios, talvez, do que mesmo com os pais franceses. Falaremos sobre isto mais para frente.
Livia Dias Outro fato, é que os especialistas da saúde na França, têm uma visão holística e entendem que o TDHA por ter causas pscio-sociais e situacionais pode ser tratado de outra maneira, como citou a Laura Neumann em um dos seus comentários. Diferentemente da nossa cultura que se baseia muita na americana que acaba por atribuir todos os sintomas de uma disfunção biológica a um desequilíbrio químico no cérebro da criança...acabando em “patologizar” muito do que seria um comportamento normal da infância. ESPERO QUE POSSAMOS TRATAR MAIS SOBRE O ASSUNTO
Elvira Souza Lima Vamos tratar bastante desta questão do que é biológico e o que é cultural. Eu vivi muitos anos nos Estados Unidos e pude constatar lá na década de 90 o aumento absurdo na patologização dos comportamentos escolares e na medicalização de crianças a partir de 5 anos, que é a idade de entrada na escola, o kindergarten. Agora vejo exatamente o mesmo processo acontecendo no Brasil.
Elvira Souza Lima Triste!
Elvira Souza Lima Gostaria de acrescentar que com toda a tecnologia, basicamente não vejo mudanças em certos traços das crianças francesas.
Daniela Schiavottiello Guidi Li o livro, na verdade engoli o livro. A autora vive a maternidade na França, e vem com a bagagem superprotetora norte americana colocar seu filho numa escola francesa. Relata como os educadores se posicionam em relação às crianças e não precisam se posicionar em relação aos pais, que sabem do potencial de seus filhos em cada idade e carregam o conceito de CADRE, UMA LINHA INVISÍVEL QUE DEFINE PARA OS PAIS, EDUCADORES E CRIANÇA O LIMITE ONDE PODEM CHEGAR. São vários aspectos a serem analisados: um deles, na minha opinião bem importante, foi o cuidado que se teve com a educação das crianças francesas desde a revolução industrial. A indústria precisava de mão de obra, então bancou a construção de escolas de boa qualidade para que as mães, além dos pais, pudessem trabalhar com tranquilidade. Século XVIII!
SIRIUS
Sol Queiroz Eu penso bastante sobre esse assunto e, para ser sincera, tenho algumas dúvidas, principalmente em relação à exatidão do diagnóstico. Li um livro muito interessante de um psiquiatra mostrando por meio de gráficos e pesquisas como algumas doenças cresceram no Brasil nos últimos anos e uma das mais gritantes é a de hiperatividade. O autor questiona bastante a forma como tem sido feito o diagnóstico aqui, mas de qlq forma, eu acho que a diferença de cultura afeta muito questões como essas. Acho tbm que fatores como segurança, por exemplo, limitam o espaço a ser explorado pela criança e afetam, consequentemente, o imaginário. A superestimulação tbm, com eletrônicos, ipads, iphones etc... E também acho que a falta de um curriculo apropriado, que entenda melhor o universo infantil, criando situações que melhor envolvam a criança, contribuiria bastante p a queda deste número. Mas são hipóteses minhas... Gostaria de saber mais a fundo sobre isso.
Daniela Neighbor Imagino que essa tal hiperatividade tenha vários fatores e maneiras de serem vistas. Uma delas é o fato de considerar toda criança agitada ,hiperativa. Além disso, diagnósticos são feitos por algumas pessoas, respondendo questionários encontrados na internet, como se fosse algo que qualquer um pudesse diagnosticar, sem procurar um bom especialista no assunto. Outro fator, acredito eu, é maneira como a criança é vista e respeitada em cada país. Às vezes acho que, no Brasil, tentamos fazer tudo que ouvimos ser bom e que dá certo em outros países, mas não conseguimos seguir uma linha de raciocínio e nos perdemos. Vejo ainda que, o brincar não é valorizado. É quase que uma etapa da vida pulada. A criança precisa ficar mais tempo sentada e quieta sem atrapalhar conversar realizadas pelos alunos.
Gabriela Manzano Geraldini Antonangeli Não sou contra a tecnologia, mas acho que ela deve entrar na vida das crianças no tempo certo e creio que não seja antes dos 7 anos. O brincar livre, na natureza, ou mesmo com algum objetivo, faz parte da infância e a tecnoligia muitas vezes (aqui no Brasil) tem roubado esse tempo que a criança deveria dedicar ao BRINCAR que é tão importante para o seu desenvolvimento e crescimento saudável. Aa birra a meu ver é sinal de descontentamento, é a necessidade de gritar ao mundo que algo está errado. Tenho 4 filhos (11, 13, 15 e 18 anos) e não lembro de ter presenciado nenhuma birra deles quando pequenos, aqui em casa não temos o costume de assistir TV e eles só tiveram video game e contato com o computador depois dos 10 anos de idade, não fez falta antes e mesmo hoje eles não dedicam muito tempo a isso. Quando eram menores e até hoje, vamos em parques, fazemos pic nic, ouvimos muita música em família, eles tocam instrumentos, brincam entre si e os amigos quando vem em casa acham o máximo, jogar, brincar e conversar olhando no olho, deixando o celular de lado um pouco. Não somos radicais nem alienados, no ano passado meu filho mais velho entrou na USP sem cursinho com uma ótima colocação, foi alfabetizado na época certa, brincou mutio quando era criança e acredito que esse é o caminho, mas vejo que infelizmente muitos pais e muitas escolas não pensam assim, querem que cada vez mais cedo nossas crianças sejam alfabetizadas e massacradas pela mídia e pela tecnologia.
Elvira Souza Lima O cérebro está pronto para escrever aos 7, é o que revelam as pesquisas. Vamos estudar estas questões mais adiante. Vários países ainda só iniciam a alfabetização aos 7, assim como a proposta da pedagogia Waldorf. Com meus filhos limitei uso do computador e tv a uma hora por dia no máximo e acho que foi ótimo para eles, ainda mais que cresceram nos EUA. Hoje já se iniciou em vários países o movimento "desacelera" que visa devolver à criança o tempo. Garantir pausa e tempo para brincar. É uma questão importante. Veremos quais os impactos no cérebro!
Sol Queiroz Elvira Souza Lima, no livro "A Formação Social da Mente", Vygotsky diz que a criança já tem capacidade cerebral para aprender a ler e escrever com 3 anos de idade e que o ideal seria que fosse despertada nela a vontade de aprender, criando curiosidade sobre o tema. Já li muito também a respeito da metodologia Waldorf e dos ciclos de 7. São linhas bem diferentes, que sugerem momentos diferentes para se desenvolver determinada etapa. No que diz respeito ao desenvolvimento cerebral, a alfabetização é indicada apenas após os 7?
Elvira Souza Lima As pesquisas de cérebro confirmam a posição da pedagogia Waldorf. Porém, como são várias áreas do cérebro que precisam se organizar para ler (17) e escrever (21), podemos pensar que o processo de alfabetização inicia muito antes da escrita no papel (ou em outro suporte).
Ana Maria Milani Após a leitura dos vários comentários já realizados, reavaliei minha hipótese sobre o assunto e não consegui modificá-la. Gostaria, até, de ter conseguido, porque penso sob um único ponto de vista: a falta de limites. Fazer birra, estando inserido na cultura brasileira ou francesa, significa não aceitar limites. Crianças educadas são crianças cujas famílias garantem e mantem a educação das mesmas pautadas na moralidade. Já com relação ao déficit de atenção e hiperatividade, penso sim que estão diretamente relacionados com as questões culturais. Precisamos nos lembrar que as crianças seguem exemplos e captam facilmente o modo de ser dos adultos. De um tempo para cá, vivemos correndo, fazendo tudo de forma 'atropelada' e querendo dar conta de muitas coisas ao mesmo tempo. Muito provavelmente, se houver um estudo sobre o histórico das crianças hiperativas/com déficit de atenção e de suas famílias, pode ser que os profissionais da área médica necessitem rever a prescrição da medicação.
ANTARES
Monica Bernardino Mazzo Concordo que o comportamento cultural dado pelos adultos prepara ou não prepara as crianças para o mundo. Hoje, no Brasil, temos um número significativo de famílias que superprotegem seus filhos não permitindo que eles cresçam de forma saudável, que enfrentem as frustrações. Esse é um dos motivos. O outro é a formação de professores deixa muito a desejar na pratica cotidiana, no conhecimento do desenvolvimento infantil, na elaboração de atividades que desenvolva, a criança como um ser integrado em todas as suas dimensões.
ZAURAK
Ligia Pacheco Eu li este livro, que deixa bem claro o quanto o meio/cultura interfere na formação da criança. Eu estive em algumas escolas na Finlândia. Em uma unidade de crianças de até UM ANO de idade notei que toda a estrutura era de tamanho normal. Banheiro, mesa, cadeira, nada pequeno como aqui fazemos. No canto da sala, umas escadas com rodinhas e logo perguntei a sua função. "Para as crianças alcançarem as coisas altas.", respondeu-me a diretora. "E elas não caem?", perguntei espontaneamente. "Não! Aqui nós não abaixamos os adultos. Nós elevamos a criança." Uau! E realmente as crianças finlandesas tem uma autonomia espantosa. Cultura... cultura... Mas pensei numa escola daquela aqui no Brasil. Infelizmente, creio que não teria aluno. As mães brasileiras são muito superprotetoras para tal e subestimam demais os seus filhos, não acham? Cultura... cultura... Assim como vejo o nosso alto índice de hiperatividade e déficit de atenção. Muitíssimo ligado aos comportamentos culturais. Nossas crianças são muito estimuladas ao mundo virtual com sua grande quantidade de estímulos. Grande parte delas passa boa tarde do dia plugado. Comem bombas calóricas o tempo todo e se exercitam usando apenas o polegar. Movimento, atividade física sistemática, sol, ar livre, mundo imaginário, do faz de conta... tenho visto cada vez menos. Vejo grande consumo energético com pouco gasto, que agita mesmo. Vejo bombardeamento de estímulos que dificultam o desenvolvimento da atenção e pouco investimento no mundo imaginário. Vejo pais aliviados com um diagnóstico, como se aliviasse a "culpa" de ter uma criança assim. Vejo que optam facilmente por ritalina ao invés de educar. Entrei com mais dez colegas em uma sala de educação infantil na China, onde crianças em roda cantavam e desenhavam movimentos com a professora. Nenhuma criança perdeu o foco da atividade. Incrível! Agora pergunto: O que aconteceria se dez chineses entrassem em uma sala de aula da Ed Infantil ao EM aqui no Brasil? Cultura... cultura...
Luna Orsini Eu não li o livro, mas concordo com o perfil da mãe superprotetora, que ao mesmo tempo que subestima e infantiliza os filhos por um lado, por outro se preocupa com quão cedo o filho aprende a ler e escrever. Enquanto cada vez mais crianças na pracinha estão com um celular na mão, mais eu ouço as professoras dizerem que "o que os alunos gostam mesmo é das atividades em vídeo." Imagino que exista sim uma relação entre este aspecto da nossa cultura - ao usar o eletrônico como "babá" - e a hiperatividade.
Mercedes Burni Acredito que muito se espera da escola na educação das crianças em nosso país e o mesmo não ocorre em países Europeus. As crianças têm exemplos dentro de casa de como se comportar e não são crianças com a ilusão de que são o centro do universo, como ocorre aqui no Brasil e em outros países extremamente religiosos. Acredito que as mães aqui querem ser super mães, mas não querem chatear seus filhos de forma alguma (a criança é superprotegida desde o nascimento).
Os pais em sua maioria ainda acreditam ser tarefa da mulher cuidar dos filhos, mentalidade essa que está mudando.
atualizado: 9/3/2016
No magistério estudamos Vygotsky, falamos sobre Paulo Freire, e outros como Emília Ferrero mais a frente e o que sei é que fiz teste com minha primeira filha que hoje tem 20 anos. Ensinei as letras com alfabeto móvel a ela em um dia a tarde e no outro dia(pensei que ela não se lembraria) ela lembrou mais da metade do nome das letras. Ela tinha 2 anos e meio. Aos 3 anos já lia gibis da turma da Mõnica. Depois não parou mais de ler. Passou na Usp aos 16 anos e 11 meses. E sinceramente, não fez diferença pra ela como pessoa. Ela brincava, corria, pulava corda, aprendeu a andar de bicicleta, skate, patins. E jogos, muitos jogos de dois ou jogos para a família toda. Televisão era so a noite para assistir desenhos e seriados infantis. Hoje as famílias não tem esse "tempo" para os filhos. São deixados à deriva com a televisão desde bebês; dominam o controle remoto , o celular e notebook. Mas muitos não sabem pular corda, jogar as 5 marias, pulo a distância, corre cutia entre outras brincadeiras. Todos trabalham e a criança pra não ficar só se limita aos eletrônicos como distração. E isso é triste. Estamos perdendo pessoas inteligentes para o nada. Nada porque é uma cultura inútil vc ter um computador e não saber o que fazer com ele e o que dele. Toda essa estrutura tem de ser repensada e os currículos das escolas também.
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