quarta-feira, 17 de abril de 2013

PROFESSORAS AUTORAS: ANA PRESCILIANA SANTOS



     

Ana entrou no Projeto Escrita para Todos, em Juiz de Fora, logo no início, em 2010. Quando a Secretaria de Educação me ofereceu a possibilidade de ter duas assistentes, eu logo pensei na Ana. O motivo principal da escolha foi seu entusiasmo e curiosidade em aprender.  No encerramento do trabalho em dezembro de 2012, Ana escreveu e partilhou com o grupo de cerca de 150  professoras o texto que aqui reproduzimos. 

                                                                               Elvira Souza Lima


            A prefeitura de Juiz de Fora , em Minas Gerais, em todas as últimas gestões, atenta ao aprimoramento e à educação continuada dos profissionais da rede municipal, investe em cursos, palestras,  seminários e discussões para alcançar uma educação de qualidade.
Dando início aos trabalhos e cursos na rede Municipal de Juiz de Fora, vendo o grande desafio que teria em seu mandato (2009-2012), a Secretária de Educação,  Eleuza  Maria Rodrigues Barbosa, convidou a estudiosa e neurocientista  Elvira Souza Lima para compor sua equipe, pois essa profissional, conhecida há mais de vinte anos, com ótimos trabalhos desenvolvidos em outras secretarias, atua na área da Neurociência, com pesquisa, estudo e análise de como a criança aprende e apreende conhecimentos.
Visando a um trabalho inovador e atual, em prol da Educação de Juiz de Fora, deu-se início ao trabalho com a Neurociência como um suporte a mais para alcançar uma educação de qualidade e consequentemente, a melhora no IDEB.
Em 2009, a neurocientista Elvira de Souza Lima solicitou à Secretaria Municipal de Juiz de Fora que enviasse produções de textos de todas as crianças para proceder a uma análise. Em 2009 e janeiro de 2010, a profissional passou dois  meses analisando todas essas produções e também desenhos das crianças.  
            A partir desta análise, ela  começou o trabalho, a  princípio, com os professores dos segundos anos da rede municipal. Questionou-nos como as crianças se encontravam naquele momento da alfabetização. Obtive   respostas as mais   variadas.   Havia ansiedade e desconforto por parte dos professores quanto aos problemas de alfabetização.  Os encontros com a neurocientista Elvira  eram em dias consecutivos e horários alternados: manhã, tarde, noite, no Centro de Formação do Professor, Av. Getúlio Vargas, 200.
A neurocientista mostrou como o cérebro funciona e como os educadores podem melhorar sua prática educativa, demonstrando como se dá o processo de memorização:
O medo atrapalha a aprendizagem.
A  memória de longa duração está ligada à emoção que modula a memória.
A emoção é ativa, não descansa, o sistema emocional é dinâmico, estamos sempre vivenciando algo de bom ou de ruim.
A memória é o que faz a nossa identidade.
A emoção está ligada à autoestima.
A empatia permite a comunicação entre professor e aluno.
O olhar do professor exclui ou inclui.
O conteúdo deve despertar o interesse do aluno e do professor.
Música alimenta a área de criatividade do cérebro. Incluir música  todos os dias ou pelo menos duas vezes por semana, para educar a atenção.
Sempre se deve ensinar a estrutura da língua.
O ato de desenhar ajuda  a evocar e  trazer da memória para a prática.
O uso do caderno pautado proporciona à criança saber consultar o que foi feito por ela e fazer sequenciação.
Nesse período, observou-se  que a área mais  trabalhada  pelos professores na alfabetização, a área do substantivo, tem pouca significação para o cérebro.
Deixou-se claro que o tempo e o tipo de atividade desenvolvida pela criança vão determinar sua  memória de longa duração,  por isso a importância de trabalhar o verbo de ação e atividades com significação para o aluno.
As indagações surgiram:
Como assim?
Que método usar?
Criar um método?
Para a neurocientista, Professora Elvira de Souza Lima, seja qual for o  método, a criança precisa saber como funciona sua língua – padrão na fala, na escrita e no pensamento matemático.
Foram distribuídos para as cursistas vários textos de suporte para seu trabalho.
Como trabalho para a memória, foi solicitado aos alunos que escrevessem seu diário de férias.   A  Secretaria  Municipal  forneceu caderno para todos os alunos.
Encerrou-se o ano de 2010 com muitos questionamentos, indagações e indignações  (Foi um momento de muitas paralisações, indicativos de greve, insatisfação salarial, ameaças de perdas das metas alcançadas).

O ano de 2011 começou com muitas indagações e conflitos:
paralisações;
indicativos de greves;
professores ansiosos e desmotivados;
implementação do Bloco Pedagógico, indicado pela  resolução CNE/CEB n° 7 de 14 de dezembro de 2010.
A professora e neurocientista Elvira de Souza Lima iniciou seu trabalho com a seguinte pergunta:
“ O que vocês observaram na aprendizagem das crianças nesse retorno às aulas? Estão todas sabendo ler e escrever?”
As respostas foram as  mais variadas e tensas em relação ao aprendizado das crianças.
Os professores foram tranquilizados de que é normal a criança chegar à escola após as férias como se não soubesse nada, pois o que ainda não foi consolidado na memória não retorna. Mostrou-se aí a importância da sistematização.
Mediante as discussões dos professores do 2° ano sobre o Bloco Pedagógico e como se apresentavam as crianças na alfabetização, chegou-se a conclusão de que não adiantava só os segundos anos participarem das discussões e aprendizado.  Se é um bloco, os primeiros e terceiros anos deveriam participar para que a alfabetização até os 8 anos se concretizasse.
Assim, a Secretaria de Educação fez o convite a todas as escolas e professores para participarem de momento de buscas e alternativas para uma educação melhor.
Diante desse quadro, retornou-se ao que foi falado no ano anterior sobre a memória e chamou-se a atenção para as novas consolidações:
Comportamentos escolares.
Método é a ação pedagógica usada para ensinar determinado conteúdo.
A base do pensamento matemático é linguístico. 
A memória humana funciona por pistas.
O corpo caloso do cérebro influi no processo de  aprendizagem. Deve-se repetir várias vezes, sistematizar o que se quer que a criança aprenda. Em um mês, pode-se trabalhar , por exemplo, até 7 verbos.
Formar padrões de letras e sílabas  é  fundamental  para a memória.
A necessidade de o professor criar suporte para a memória da criança.
Para o cérebro não há diferença em aprender sílabas simples ou complexas.
A importância do movimento  aliado ao  tato.
Desenhar todos os dias.
Dormir bem e mais cedo, pois a memória é formada enquanto se dorme.
Não deixar a criança muito tempo diante de TVs,  computadores e jogos eletrônicos.
Tarefas de casa para se consolidar o que foi ensinado e criar memória,  que devem ser diferentes do que foi trabalhado em sala de aula.
Uso da pontuação.
Sentenças simples.
Diante das dificuldades encontradas pelos professores, foi solicitado curso sobre métodos de alfabetização e curso de Português.
Iniciou-se o estudo com professores dos primeiros  e terceiros anos.
Até os 6 anos , o que  a criança tem que saber?
Até os 7 anos, o que  a criança tem que saber?
Até os 8 anos o que a criança tem que saber?
Seja qual for o nível do Bloco em que a criança esteja, a rotina e a constância são fundamentais.
Na reunião de Diretores,  em 18-05-11, ficou clara a importância de:
formar comportamentos escolares nas crianças;
a utilização da tecnologia, sendo de grande ajuda na aprendizagem;
recuperar  socialmente  o espaço do professor e também do diretor;
trabalhar  simetria desde os 5 anos;
a importância da matemática e do estudo da base 10;
o uso da sintaxe básica: sujeito + verbo + complemento.
Os professores ficaram motivados a estudar sobre métodos de alfabetização, buscando melhorar sua prática educativa.
Foi distribuído oi material elaborado pela neurocientista, professora Elvira de Souza Lima, para contribuir com a aprendizagem do aluno: Meu Caderno de Estudos,  para o aluno, e o Práticas Educativas , que ajudará o professor a planejar sua aula e utilizá-lo como apoio. Esse material trabalha o desenvolvimento interno do aluno, formando redes neuronais no cérebro, que dão base para aprendizagem dos conteúdos curriculares.
Várias professoras deixaram sua contribuição nos encontros, como Elaine Aparecida da Silva, com o projeto: Amigos de Pano; Silésia Souza Costa Duarte, com a Tabela de Ortografia e Caderninhos de Ações; Maria Tereza Chevitarese, com o Blog de Papel; Maria Elizabeth Guedes, com atividades diversas  em alfabetização e matemática  e depoimentos de como fazer para ensinar  um aluno, principalmente os especiais.
Em cada grupo de estudo ( 1º, 2º, 3º ) foi chamada a atenção de como formar a memória  correta da língua padrão no aluno.
Chegou-se ao final do ano com muitos questionamentos, mas com uma visão mais clara do que se pode fazer para uma alfabetização melhor, mais eficiente. Avançamos um pouco mais no nosso desafio.
Foi sugerida a continuação do Diário de Férias.
No ano  de 1012, o desafio prosseguiu.
A  neurocientista Elvira de Souza Lima  enviou para os professores o texto, Retorno à Escola, em que ela deixa claro como cada aluno ( dos 1ºs, 2ºs, 3ºs anos)  chegaria na escola e o que poderia ser feito para ajudar a criança a retomar a aprendizagem.
Foram sugeridos por ela grupos de estratégias para o trabalho com crianças que não estão aprendendo. Foram feitos dois encontros, um no dia 27-02-2012 e o outro, 19-03-1012, o que trouxe mais clareza ao nosso aprendizado.
A professora Elvira de Souza Lima fez todas as considerações que já havia feito nos anos anteriores e frisou a sistematização, a pontuação, a sintaxe, a escrita espontânea da criança todo dia, e, por último, ensinar a criança a fazer a correção de seus próprios textos.
No dia 21-11-2012, foi feito o encerramento das atividades, em um único encontro com todas as cursistas.
Distribuiu-se um texto com sugestões de trabalho com o Bloco Pedagógico. Foi mostrado um modelo de apresentação de trabalhos da professora Simone Fátima  Santos da cidade de Pedro Leopoldo, MG, fez-se a revisão do que se  deve fixar até o final do ano letivo, deixou-se clara a importância em dar continuidade ao diário como trabalho de escrita e memória. A  professora Ana Presciliana dos Santos leu a síntese do trabalho realizado pela neurocientista Elvira de Souza Lima.Foram distribuídos vários livros de autoria de Elvira de Souza Lima, onde se demonstra sua colaboração com a Educação. Encerraram-se os trabalhos com uma confraternização.
A Neurociência foi  ministrada em todos nós professores através da repetição constante do que deveríamos aprender e utilizar em  aulas de alfabetização.

Professora Elvira,  somos  gratos por sua colaboração!


                                                            Ana Presciliana Santos, dezembro 2012